sábado, 11 de janeiro de 2014

Herodes Sarney


Estarrecido com o caos desnudado das prisões maranhenses, a explicitação da barbárie no vídeo da degola produzido pelos prisioneiros de Pedrinhas, tive a sensação de "déjà vu", de que aquela cena já me havia sido contada em algum momento. Me recordei então da cena abaixo descrita nos evangelhos:


Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias...E, entrando logo, apressadamente, pediu ao rei, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João o Batista...E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a cabeça de João. E ele foi, e degolou-o na prisão...



O crime dos evangelhos envolve o pernicioso nepotismo que se estende sobre o Estado, a barbárie do poder público, a violência da degola, prisões insalubres, mulheres insanas, podridões encobertas, vozes caladas. A metáfora imediatamente se impõe! 

Não há letreiros abaixo do texto bíblico ou do vídeo divulgado pela Folha advertindo que qualquer semelhança com a realidade seja mera coincidência, não se trata de obra de ficção, não são atores, não estamos em um estúdio ou cidade cenográfica. Estamos na Judeia, estamos em Pedrinhas, Maranhão, do pior IDH do Brasil, da miséria, da (des)educação, da fome, da dor, da violência, da mão pesada do Leviatã que se perpetua no poder.

Nesta metáfora a luxúria dos governantes da terra da "grande mentira" (um dos possíveis significados de Maranhão no português arcaico) é sufragada com as cabeças de presos de facções criminosas, nossos "Joões Batistas" que clamam no deserto das prisões brasileiras que se tornaram câmaras de tortura, universidades do crime, lugares de fáceis e rasas designações e análises mas de complexas e raras soluções.

E nós, "cidadãos de bem", estamos aonde? Não seríamos nós a plateia do banquete de Herodes Sarney, presidente do Brasil, imortal, indestrutível, inexorávelNão estamos nós nos refestelando no banquete da corte, regado a lagosta e camarão devidamentes licitados, do espetáculo do crescimento, do desemprego baixo, da estabilidade econômica, do consumo crescente a vociferar em frente à TV: são bandidos, que se matem? Quem são os criminosos, por ação ou omissão nesta parábola tupiniquim?

Não digas que o povo do Maranhão escolhe mal seus governantes pois os nomes e rostos mudam mas as práticas perniciosas e malévolas se multiplicam pelo país aonde presos são esterco a ser devidamente enviado aos lixões nos quais os depositamos e rebeliões como essas são nada mais do que o xurume destes terrenos baldios aonde lançamos os restos de humanidade que ainda resta nestes seres humanos.

Enquanto permanecermos calados, quantos "Joões Batistas" precisarão ser degolados até que o Messias de fato venha e diga: arrependei-vos pois chegou o Reino de Deus?

Marcos Sabiá

sábado, 15 de junho de 2013

Pelo protesto


Do conforto de minha sala em um escritório de luxo em São Paulo ouço colegas a vociferar insultos ao grupelho, como descrito em editorial da Folha de São Paulo, que insistentemente tem protestado contra os aumentos das passagens no transporte público.

As reclamações contra os impactos desses movimentos tem uma causa única, comum, perversa: o individualismo que se impõe como a grande característica de uma sociedade que tem, cada vez menos um rosto, uma causa, um grito comum. Não nos sensibilizamos com a dor do outro quando esta não nos dói pois somos verborrágicos na solidariedade e tetraplégicos na ação.

Este individualismo na avaliação do assunto extrapola para a mídia, até outrora refratária aos ideais e práticas do movimento mas que começa a mudar de lado ao perceber que a violência perpetrada pelos agentes do Estado não ataca pessoas mas ideais da humanidade como a liberdade de expressão e de reunião, tão solenemente consagradas na Constituição Federal e tão porcamente afrontada nas ruas.

Vejo reações apaixonadas contra os protestos pelo impacto no trânsito, este trânsito tão castigado em uma metrópole como São Paulo que tem linha vergonhosamente menor (aproximadamente 70 km) que cidades como Santiago (103 km), Cidade do México (202 km), Seul (287 km) ou Nova Iorque (1355 km, aí já é demais...). Esta situação vexatória expõe nosso estado de exceção, a virulência com que diuturnamente somos castigados mas que se transveste com variáveis etimológicas como "limites de orçamento" ou "eleição de prioridades" pelos governantes de plantão.

Somos vítimas de um Estado imenso com resultados pífios, em seus tributos um Leviatã faminto que com sofreguidão confisca a renda de um povo conduzido por entidades que assumem posições messiânicas que em suas promessas quiçá metafísicas só faltam dizer L´État c´est moi! (O Estado sou eu!).

Não! O Estado não são prefeitos inertes e insensíveis ou governadores saídos de um momento em que a baioneta era a Lei e que abraçam bandeiras de Guerra ao Terror no melhor estilo George Bush. L´État ce n´est pas moi. C´est nous! (O Estado não sou eu. Somos nós!).

Apoio este movimento e não as suas virulências, que não são suas mas de agentes isolados que não compreendem a força das palavras e do ato de amor que representa a luta por uma causa que é maior do que si. Esta luta é maior do que de seus manifestantes. É a luta de um povo, de um país que clama por justiça social. É a luta de uma humanidade que ainda tem resquícios de Deus. Deus este que protagonizou o maior protesto da história ao abalar as bases de nosso comodismo com nossa condição humana através do protesto perpetrado pelo sacrifício de Jesus Cristo, pendurado no cru madeiro pela mesma violência daqueles para os quais a melhor resposta ainda é a dor e a morte.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!

Marcos Sabiá

terça-feira, 2 de abril de 2013

Texto de alguém que sabe que não é melhor do que ninguém



Em tempos de intolerância e virulência de patrulheiros morais de um lado e ditadores gays de outro, vivi no Feriado de Páscoa a experiência em minha comunidade de recepcionar através do Projeto Luz Urbana em São Bernardo do Campo, travestis que são acompanhados por este projeto.

Não consegui dormir direito depois do evento. Saí da Comuna com uma alegria e certeza de que fomos Igreja na acepção mais completa da palavra, que pudemos nos achegar àqueles que o mundo olha com desprezo ou lascívia, de uma forma amorosa e gentil.
 
Infelizmente, ao mesmo tempo me invadiu uma tristeza profunda por saber que alguns voltariam para sua vida de violências e abusos. Que aqueles indivíduos com aparência que quiçá cause repulsa ao nosso mundo indefectível, tem histórias de maus tratos, depressão, incompreensão e abandono.
 
Triste em ver o que Satanás pode fazer na vida de um homem. Triste por ver meninos que eu não sabia se dispensava o respeito que tenho por meus irmãos ou a gentileza que tenho para com minhas irmãs. Homens que não conseguem mais compreender quem são. Seus corpos deformados pelo pecado não condizem com sua alma machucada e seu espírito à beira da morte. Suas emoções confusas não conseguem mais entender a obra do Criador, tão disformes estão pelo peso do pecado.
 
Vi a pobreza como um propulsor da prostituição e como nós construímos redomas em nosso mundo em que uma realidade tão candente ao mesmo tempo está tão distante de nós. Triste fiquei por saber que nossa igreja é uma exceção e que aos 32 anos de idade vi pela primeira vez meu evangelho acessando este tipo de doente de forma tão intensa.
 
Então me questionei: será que doente somente eles são ou nossa cristandade que não quer a feiura de seus corpos maltratados em nossos belos templos? Lembrei de Jesus, e que para ele, habitante de uma glória imarcescível, nós em nossas culpas e pecados somos todos criaturas disformes, distantes da beleza pretendida pelo Criador.

Então me conforto na lembrança da presença do Espírito Santo em nosso meio como poucas vezes senti. De um Deus que ama o pecador e que sabe muito bem que, abaixo da casca dura do terrível pecado ainda habita um coração sedento pelo amor que só em Jesus se pode encontrar. 

Se nossa igreja não serve para receber estes homens, para nada serve senão para ser vomitada. Morrerá vazia de graça ou cheia de ossos secos, sepulcros caiados fartos de hipocrisia e religiosidade vã.
 
Esta nossa igreja precisa entender que a indiferença, a glutonaria, o egoísmo, a ganância e o individualismo são pecados pérfidos, fétidos, pútridos e que corroem a imagem de Deus em nós tanto quanto os pecados sexuais. Pecado é pecado sempre, mancha nas vestes brancas do homem que tenta aproximar-se incólume diante de Deus, sem saber que caminha a passos largos em meio ao mar de lama que é o mundo. Somente alvejadas no sangue do Cordeiro estas vestes podem estar alvas, prontas para as bodas.

E tudo isso é fruto da graça. Pois o perdão de Deus concedido em Jesus, seja para o líder religioso, seja para o ladrão pendurado no madeiro, é sempre graça e não merecimento.

domingo, 24 de março de 2013

Até quando somente um exemplo?


Ao contar-nos histórias de cristãos perseguidos, presos e mortos pela causa de um Evangelho ainda incipiente, o Novo Testamento nos inspira, constrange, impinge a nós cristãos de um país democrático e relativamente pacífico, um sentimento de saudosismo, pequenez, quiçá de vergonha.

Não raramente, líderes da cristandade tupiniquim quando investigados e denunciados pelo Ministério Público, Receita Federal ou órgãos afins por desvios de conduta, utilizam-se do expediente de recordar estas perseguições que forjaram a nossa fé, como que a comparar seus pérfidos crimes aos vitupérios sofridos pelos primeiros cristãos.

Mas o Evangelho de Jesus Cristo não permanece vivo e vicejante por conta desses desmandos. Sua Mensagem envolve nossas vestes, assim como a fumaça que impregna o Santo Lugar, pois vivemos a presença de seu Espírito e este mesmo Espírito ainda inspira homens e mulheres a oferecerem sua vida como libação por amor à Mensagem de Salvação do Evangelho.

É por esta Mensagem que Jose Dilson Alves da Silva e Zeneide Novais, depois de 22 anos na África, estão presos no Senegal sob acusação de tráfico e aliciamento de menores desde 06 de novembro de 2012. 

A frágil acusação se baseia na denúncia de um pai que, após seu filho abandonado na rua ter sido recolhido pela missão, motivado por questões religiosas, ardilosamente utilizou-se do sentimento religioso da maioria muçulmana para expor estes servos de Deus a condição de criminosos, apesar do laicismo do Estado senegalês.

Já são meses de silêncio da Justiça local e de inação de seus representantes legais. 

Meu clamor por este casal de heróis da fé se confunde com uma tristeza profunda por mim, por meus pares, meus contemporâneos que, se não se envolvem em escândalos que afrontem o Evangelho, escondem-se, disfarçam-se, tergiversam quando o assunto é entregar a própria vida, negar-se a si mesmo, tomar a sua Cruz e segui-Lo.

Jose Dilson e Zeneide explicitam minha necessidade de viver um Evangelho mais intenso, mais profundo, mais arriscado, num permanente estado de quase morte, para que assim como eu compartilhe em meu corpo a morte de Cristo, veja operar em mim também o poder de Sua ressurreição.

Quero ser como Cristo, em meu corpo suas marcas, em meu caráter sua graça, em meu coração seu bálsamo a aliviar-me de minhas idiossincrasias. 

Oro, canto e clamo que seja assim domingo após domingo, mas quando leio sobre Dilson e Zeneide do conforto de meu apartamento, vejo como estou distante do Mestre, como minhas segundas-feiras revelam a tibieza de minhas decisões dominicais.

Livra-me do corpo desta morte! Esfrega-me em face a verdade de que o bem que eu quero, não faço, mas o mal que eu não quero, esse eu faço.

Miserável homem que sou. Homem que vê em Dilson e Zeneide um exemplo. Até quando somente um exemplo?

PS Ore e mobilize-se por Jose Dilson e Zeneide - marcospaulosabia.blogspot.com

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sobre alguém que não merece a escrita. Sobre algo que merece.


A eleição de Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias - CDHM da Câmara impressiona, envergonha, vilipendia e expõe as excrescências de dois relevantes sistemas nacionais: o Político e o Religioso.

O Político pois a eleição para a presidência da CDHM, como quase todas as eleições em sistemas perversos e que prescindem da participação popular, se deu por motivos espúrios: a baixa e vil troca de cargos existentes no Congresso Nacional.

O PSC "herdou" a CDHM, ainda que não fosse a sua predileta, pois a mesma traz repercussão popular mas não orçamento, este mais valorizado que aquele por esta sub-espécie do gênero humano chamada "politicus brasiliensis"

O PSC serviu de barriga de aluguel e plataforma política para os interesses do governo federal e agora, não consegue sequer indicar um nome de mais relevante jaez que Marco Feliciano, o homem que afirmou que a África é fruto de maldições de Noé e que a AIDS é o câncer gay. Não dá para levá-lo à sério pois ele não é um homem sério. 

Feliciano junta-se aqueles que desejam fazer do PSC o "Tea Party" da política tupiniquim. Falam em nome de cristãos e de um Cristo que mal conhecem. 

Quanto ao vexame Religioso, Feliciano explora o cristão mais simples exigindo ofertas vultosas, flerta com com a Teologia da Prosperidade, cobra pequenas fortunas para pregar em eventos organizados por seres da pior espécie e faz seus princípios esposados pelos piores cristãos norte-americanos. 

Feliciano se refestela na lavagem dos porcos e olha aos céus, com seus dentes manchados pelo lixo despejado pelos cristãos do Norte. Feliciano se alegra pelo olhar de aprovação de pregadores brancos que, segundo ele, veem em sua pregação uma veemência que por lá somente os negros tem. Negros com os quais ele prefere não se identificar, pois quiçá ainda carreguem a maldição de Noé.

A indignidade de Feliciano no entanto não pode legitimar os atos de violência e intolerância perpetrados por integrantes das minorias. Ainda que esdrúxulos, seus argumentos devem ser rebatidos no campo das ideias, único local onde se aceita algum tipo de batalha em uma democracia.

Seus argumentos podem ser veementemente rebatidos mas jamais seus direito de dizê-los, sob pena de constituir-se não mais a minoria dos gays ou negros mas sim a dos neurônios.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Quando os Cristãos perdem a razão



Marx impingiu à religião a insígnia de ópio do povo. 

Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, asseverou que o governo precisa se preparar para um embate ideológico com as igrejas evangélicas pela nova classe média. 


Nietzsche determinou o cristianismo como um ataque ao sentimento de potência do homem. Uma religião de fracos. 


Países como Coréia do Norte, Irã e Afeganistão refutam qualquer influência cristã em seu meio. Em alguns países, a perseguição resulta em morte.


Como cristãos,quando percebemos tais ataques, de relevância histórica ou não, ao sentimento religioso e ao cristianismo em especial, em um primeiro momento somos tomados por indignação e fazemos coro às reações mais extremas na defesa do que chamamos de sentimento religioso.

Ainda que não nos somemos aos cristãos fundamentalistas (esta expressão deveria ter outro significado...) do sul dos EUA no apoio ao esforço de guerra, torcemos por um mundo em que a Pax Americana reine em nós.

Lembro-me ainda dos tempos de infância em que temia por uma ameaça comunista, tão aventada pelos cães de guarda de nosso mundo pueril. Ao aproximar-se da maturidade, comecei a perceber que a verdade cresceu junto comigo e ofereceu-me outras faces. Faces coradas pelo sol no interior da América Latrina, depositório das escorchantes desgraças de um império que patrocinou mortes e golpes, na pretensa defesa de valores da tradição, família e propriedade, como nos ensinaria o nefasto movimento.

Percebi que em um mundo complexo e sem Deus, religião e Cristo podem ensinar coisas diferentes. Este anseia o amor, enquanto aquela o poder. Este representa o humilde servo sofredor, aquela a portentosa rainha Universal. Ele, um palestino pobre que enviou discípulos ao mundo. Ela, promíscua, rica e Mundial.

Iniciei então uma digressão no caminho da compreensão de que, por vezes o ódio ao Cristo é um sentimento nublado pelo ódio ao nosso cristianismo, que não deveria ter este nome. Imagino em minha fé as faces ruborizadas do Mestre ao perceber que vivemos o que Ele condenou e ainda o convidamos a avalizar nossas práticas, nossos hábitos, nossa mundologia (renego-me a chamar de teologia).

Tenho para mim então que, grande parte dos ataques e ojeriza à fé, são tiros que miram este imperialismo e indiferença transvestidos de religião que ricocheteiam e, tal qual as balas perdidas de nossas favelas e morros, acertam em cheio o peito de Cristo.

Quando um afegão renega tão veemente o cristianismo, quais são os símbolos que lhe vem à memória? O menino frágil e pequenino, de traços orientais no colo de Maria ou tanques de guerra com um adesivo atrás do tipo "sê tu uma benção" ou "renascer até morrer"?

Quando Marx chama a religião de ópio do povo, que religião é esta? A que apresenta a verdade e liberta ou a que manipula, cega, violenta e mata?
Enquanto não rejeitarmos nosso modo confortável de viver que se fundamenta em exploração de recursos e pessoas, que mata nas periferias mas que não incomoda nos Jardins, que se torna impassível ao sofrimento, que se reveste de burguesia consumista e reduz as relações pessoais a relações de consumo, seremos objeto do ódio do outro, do ódio ao Ocidente. Da perseguição ao cristianismo.
Continuo a me solidarizar e a orar por meus irmãos amados, que em países de maioria fundamentalista, são perseguidos e sufocados em sua fé. Estejam eles em Cabul ou Manhattan. 


Deus tenha misericórdia de nós.





sábado, 5 de março de 2011

Ainda que não haja graça


Ainda que não haja graça...

Eu quero rir dos famintos se enfastelando de um fétido aguardente no meio da festa,

Abrir um sorriso matreiro ao vê-los destelhados, desterrados, pobres desgraçados

Quero rejubilar, sou o Rei das Trevas, me apossei dos tempos de paz, que já não existem mais

É tempo de festa, com os ícones do mal, efígies sagradas dos templos da corrupção onde a plebe é imolada, sacrifício de libação sobre o altar da crueldade

Ainda que não haja graça...

Escarneço dos palhaços que vislumbram outros palhaços discutindo o futuro da (des)educação.

Quê alegria, povos incultos em cultos de celebração ao ego dos reis deste mundo. É o famélico saciando a maligna sofreguidão materialista dos poderosos, doce e suave ironia.

Ainda que não haja graça...

Quero a brisa negra do barraco que queima, do moleque que teima em sobreviver na rua com seu cachimbo da paz.

Ainda que não haja graça, quero sorrir...

Pois para mim graça, são alguns dias de Carnaval.