domingo, 28 de março de 2010

A importância do homem nos processos de mudança organizacional



O modelo econômico ultracompetitivo das economias modernas impõe muitas vezes a necessidade de processos autômatos na relação homem x trabalho. A velocidade e o pragmatismo com que são conduzidos os negócios no mundo moderno impedem considerações de ordem pessoal e emocional.

O devido equilíbrio nesta relação somente se dá na resistência, muitas vezes inglória, do homem contra o poder do capital.

A relação de dependência não é da empresa em relação ao homem, ao capital humano, mas do homem em relação à empresa, visto que aquele percebe que somente na relação com esta se realiza e se perfaz enquanto homem.

Esta relação quando em desequilíbrio deturpa os fundamentos da condição humana, posto que a ficção jurídica domina a individualidade a tal ponto de substitui-la. Daí surgem os indivíduos conhecidos como o "Fulano da empresa A", o "Beltrano da empresa B".

Eis que no descompasso das relações pessoais com as relações econômicas, a pessoa jurídica ao tomar decisões que impactem a vida dos indivíduos, é percebida muitas vezes como injusta, perpetrando verdadeiros atos de traição aos olhos dos indivíduo.

Tal estado de coisas impõe consequências nefastas, das quais vale destacar:

- O homem e a perda de sua inerente humanidade. Os conflitos cadas vez mais crescentes haja vista a aceleração dos processos de mudanças organizacionais tais como fusões, incorporações, concordatas e falências.

- A destruição da auto-imagem nos processos de desligamento. O rompimento repentino de qualquer relacionamento e suas consequências emocionais.

- A sujeição do individual ao coletivo. A necessidade de aceitação ao grupo como razão para submeter-se ao vilipêndio moral. O fim do escrúpulo e da escala individual de valores para participação no "clube".

Daí que o grande questionamento é: que tipo de homens restarão no futuro? Que podemos dizer do "homo laborans" (homem que trabalha)? Estaremos em meio à uma nova luta por direitos nas relações de trabalho, só que agora, diferente do momento pós revolução industrial, os direitos não serão mais de ordem objetiva/material mas subjetiva/emocional?

Portanto, claro está que é mister que busquemos um modelo de desenvolvimento sustentável, não somente no que diz respeito ao homem e à natureza mas no tocante ao homem na relação com o próprio homem, considerando-se este sempre enquanto titular de direitos.

Veremos o que nos espera.