segunda-feira, 27 de julho de 2009

Morre-se mais por desprezo



A Igreja Católica aconselhou seus fiéis, entre outras medidas, a evitarem o contato físico mais próximo como beijos, abraços e apertos de mão durante os serviços religiosos. A preocupação da Igreja é em evitar que as missas e demais eventos dentro dos templos se tornem meios de propagação do vírus Influenza A H1N1 ou gripe suína, que já vitimou mais de 800 pessoas em todo o mundo.

No entanto, digo que a Igreja errou. Errou ao propagar um vírus muito mais letal e pernicioso que o influenza. A Igreja com este ato propaga o vírus do desprezo, do abandono, do rosto virado, da falta de comunhão. O homem precisa de Deus e a presença de Deus neste mundo tem a minha face, o calor do teu beijo, o carinho do seu abraço.

Morre-se muito mais pela devassidão que assola o faminto por amor, que busca no sexo lascivo a paixão que já não lhe aquece o peito há tempos. Morre-se mais por abandono e desprezo das gentes que se dizem cristãs só porque Cristo é um nome com significado religioso em suas vidas. Morre-se mais, muito mais, por conta dos atos sorrateiros (por que não dizer secretos) cometidos nas límpidas salas do poder.

Matamos de fome, matamos na guerra, matamos por dinheiro, matamos por terra, matamos por poder. Matamos com o estampido das baionetas, com o estrondo das balas de canhão, matamos com o retinir do frio metal da guilhotina ou com o estalar da lenha a queimar bruxas e hereges.

Vaidades de vaidades, paradoxo de nossas maldições modernas, será que chegou a hora de temermos matar com um beijo, um abraço, um aperto de mão?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudade de Deus


Você já sentiu saudade de Deus? Hoje me bateu uma saudade, um aperto no coração, um desejo de tocá-lo, de senti-lo, de vê-lo face a face.

Que saudade de um tempo não vivido. Ou vivido e ainda não lembrado, numa definição meta-histórica.

Espero ansiosamente pelo dia que o verei e o conhecerei da mesma forma como hoje sou conhecido por Ele.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Fim da Igreja

Francis Fukuyama se tornou célebre ao publicar em 1989 o livro "O Fim da história e o último homem". Fukuyama advogava neste livro a tese de que a história encontrou seu ápice no capitalismo e na democracia ocidental liberal, como coroamento do desenvolvimento do homem e de seus sistemas. O demais a vir após isso seria somente a discussão de movimentos nacionalistas e fundamentalistas islâmicos, retrógrados e reacionários em seu cerne. Com isso Fukuyama decreta: acabou-se a história (apesar de não poder dizer que vivemos felizes para sempre).

Todo este intróito ao utilizar-se de Fukuyama é para, de forma triste e deprimente, decretar o Fim da Igreja! Não, não leia este texto como se o autor fosse um ateu marxista ou um humanista agnóstico, não. Digo isso embasado na triste constatação de que nossa sociedade mudou e com o antigo ideário das gerações passadas e suas convicções, foi-se também a crença na existência de igrejas na acepção da palavra.

Não acreditamos mais na assembléia de Deus com seu povo. Não acreditamos em "quão bom e quão suave é...". Não servimos mais a Jesus Cristo através de seu corpo, a igreja. Ele que nos sirva!

A idéia que move-se em nosso subsconsciente é a de sermos servidos. O conforto do desenvolvimento humano, a síndrome do descompromisso, igrejas drive-thru. Movemo-nos por nossos desejos neste neo-hedonismo cristão. Embasamos nossas decisões na pirâmide de Maslow, atendendo nossas necessidades fisiológicas primeiro, vemos no pastor um prestador de serviços, na igreja uma ficção jurídica contra a qual caso não responda aos nossos anseios, podemos arguir nossos direitos.

O texto que move esta multidão não é o bíblico mas o código de defesa do consumidor. Consumimos sim, serviços religiosos com a liberdade do poder de nosso descompromisso. Não queremos relacionamentos mas sim, relações de consumo, onde consumimos bens, serviços e religião.

É este o Fim da Igreja, no qual a oferta atende ao meu sonho de prosperidade, eufemismo para ganância sórdida e desmedida. Dizimo para que as 'janelas do céu" se abram sobre mim e não por amor à obra. Vou á Igreja não para servir a Deus mas para exigir destes profissionais da fé o que eles podem, e devem, me oferecer. Inclusive, não é esta a lei que rege nossos templos: oferta e procura?

"Ó razão! Onde estás tu razão?
Refugiaste-te nas bestas feras e os homens quedaram sem ti!"

Vergonha



"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"
Rui Barbosa
Até quando te sofreremos, ó geração perversa?
Até quando José, cancro purulento a transbordar-se sobre a carne viva do povo ferido?
"Ó razão, onde estás tu razão? Refugiaste-te nas bestas feras e os homens quedaram sem ti" diria o bardo.
Bardo, ó bardo! Onde estás tu a clamar pelas bestas feras pois os homens assumiram o congresso...
Porém, digo-lhes que as excrescências dos homens sem escrúpulos, sem vergonhas de exporem o sexo nas ruas, as suas vísceras misturadas a sangue e excremento, expôem-nos o quão vexatória é a nossa posição.
Mudos, quietos, calados, imóveis. Vergonha!