sábado, 5 de março de 2011

Ainda que não haja graça


Ainda que não haja graça...

Eu quero rir dos famintos se enfastelando de um fétido aguardente no meio da festa,

Abrir um sorriso matreiro ao vê-los destelhados, desterrados, pobres desgraçados

Quero rejubilar, sou o Rei das Trevas, me apossei dos tempos de paz, que já não existem mais

É tempo de festa, com os ícones do mal, efígies sagradas dos templos da corrupção onde a plebe é imolada, sacrifício de libação sobre o altar da crueldade

Ainda que não haja graça...

Escarneço dos palhaços que vislumbram outros palhaços discutindo o futuro da (des)educação.

Quê alegria, povos incultos em cultos de celebração ao ego dos reis deste mundo. É o famélico saciando a maligna sofreguidão materialista dos poderosos, doce e suave ironia.

Ainda que não haja graça...

Quero a brisa negra do barraco que queima, do moleque que teima em sobreviver na rua com seu cachimbo da paz.

Ainda que não haja graça, quero sorrir...

Pois para mim graça, são alguns dias de Carnaval.