terça-feira, 9 de junho de 2009

Escuridade


Adentro-te, minha alma, sem saber o que encontrar.
Enfrento o fantasma de mim mesmo,
pontos cegos de meu íntimo, lugares que não visitei com coragem resoluta,
com a convicção de dias mais claros.

És meu pecado diário, meu alter ego, meu espinho na carne.
És a face desprezada, o temor da morte, a solidão arguta.
És o terror noturno, a seta que voa de dia, a peste que anda na escuridão,
a mortandade que me assola ao meio-dia.

És minha vergonha, meu vexame.
Inimigo meu, íntimo, pessoal e privado que eu enfrento todos os dias
em uma luta perene e sem vitórias.

Ó Luz que veio ao mundo e me arranca das trevas.
Salva-me de mim mesmo!

Escuridades em cantos de minh´alma,
Trazem-me mais um dia em que não me reconheço.
Temo este outro ser que vagueia dentro em mim,
com o mesmo nome, a mesma cor, o mesmo cheiro.
Eia! Sou eu mesmo!

Temo-te, espanto-te, devoro-te com sofreguidão,
me enojo de ti,mas és um pouco de mim,
o pouco que não quero ser.

Noite escura d´alma, fruto proibido,
instrumento da compaixão e do conhecimento do bem e do mal,
este espelho de nada vale quando o observo nesta sala escura de minh´alma,
este lugar ao qual chamo ESCURIDADE.

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